O som da chuva
- George Croiff
- há 5 dias
- 7 min de leitura
Noite de chuva forte. Estavam todos na casa de um sítio isolado na mata. A casa do vizinho mais próximo estava a 20 minutos de carro.
Gabriel era jovem de 20 anos. Sempre violento e rápido quando precisa mas lento quando quer aproveitar o momento e sentir a sua presa se esvaindo em sangue depois de cortar-lhe sua pele abaixo do umbigo com sua faca afiada. Foi isso que aconteceu depois que ele acabou de matar uma mulher de tanta tortura. Ele quebrou seus ossos com martelo e marreta na frente do marido que estava amarrado, amordaçado e com os olhos abertos com as pálpebras fixadas com fita esparadrapo e espelhos em todos os lados para que ele não conseguisse desviar o olhar. No final de tudo ficou uma cena bem brutal.Depois ele incendiou os corpos. O Gabriel era agiota e foi cobrar uma dívida que estava impagável. Eles tentaram fugir mudando de estado mas ele os encontrou.
Dez anos se passaram. Gabriel agora era um homem de negócios e tinha seu próprio escritório de advocacia.
A tempestade lá fora era implacável, fustigando as janelas do apartamento de cobertura com uma violência que contrastava com o silêncio pesado lá dentro. A única luz vinha da lareira a gás e de alguns relâmpagos ocasionais que iluminavam brevemente a silhueta de Sofia, parada junto ao vidro, observando a cidade desaparecer sob a água.
Ela sentiu a presença dele antes de ouvi-lo. O cheiro de sândalo e aquela eletricidade estática que parecia seguir Gabriel por onde ele passava.
— Você está tensa — a voz dele foi um sussurro grave, logo atrás da orelha dela.
Sofia não se virou. O reflexo no vidro mostrava Gabriel se aproximando, desabotoando o punho da camisa social branca, os olhos fixos na curva do pescoço dela.
— É a tempestade — mentiu ela, a voz falhando levemente.
— Não... — Ele afastou o cabelo dela para o lado, a ponta dos dedos roçando a pele sensível da nuca, enviando um arrepio que percorreu toda a espinha de Sofia. — É a espera.
Ele tinha razão. A tensão entre eles vinha crescendo há meses, em reuniões de negócios, em olhares demorados através de salas lotadas, em toques acidentais que duravam um segundo a mais do que o necessário. Agora, sozinhos no apartamento dele após um jantar onde nenhum dos dois tocou na comida, o ar parecia rarefeito.
Gabriel apoiou as mãos na cintura dela, puxando-a suavemente, mas com firmeza, contra o corpo dele. Sofia sentiu o calor dele irradiar através do vestido de seda fina. Ela fechou os olhos, a respiração ficando mais pesada.
— Olhe para mim, Sofia.
Ela se virou lentamente. Os olhos de Gabriel estavam escuros, dilatados, focados nos lábios dela com uma fome que fez os joelhos dela fraquejarem. Ele não esperou. Uma das mãos subiu para o rosto dela, o polegar traçando o lábio inferior antes de ele se inclinar.
O beijo não foi suave. Foi uma colisão, uma liberação de tudo o que estava contido. Sofia entrelaçou os dedos no cabelo dele, puxando-o para mais perto, querendo apagar qualquer espaço que sobrasse entre eles. A boca dele era quente, exigente, e ela respondeu com a mesma intensidade, um som baixo escapando de sua garganta.
Gabriel a ergueu sem esforço, colocando-a sentada na borda da mesa de madeira maciça próxima à janela. O frio da madeira sob as coxas dela foi um choque breve, logo esquecido quando ele se encaixou entre as pernas dela. Primeiro ele brincou com a vagina dela com os dedos e depois com a língua. Quando ele percebeu que ela estava bem molhada, virou e ajeitou o corpo de Sofia para que ela ficasse de quatro entao ele lamber mais um pouco seus lábios vaginais e clitóris antes de enfiar a língua no ânus dela e sentir ela gemer. Depois colocou ela em pé novamente. Ela parecia um pouco cambaleante.
— Você não tem ideia — murmurou ele contra a pele do pescoço dela, descendo os beijos para a clavícula — de quanto tempo eu quis fazer isso.
As mãos dele desceram pelas costas dela, explorando cada curva, apertando a cintura com possessividade. A respiração de Sofia estava descompassada, o coração batendo tão forte que parecia ecoar no quarto silencioso.
— Então não pare — sussurrou ela, puxando-o pela gravata desfeita.
Lá fora, um trovão estremeceu o prédio, mas eles mal notaram. O mundo inteiro havia se reduzido àquele metro quadrado, ao calor da pele, ao som das respirações entrecortadas e à promessa de uma noite onde nenhuma palavra mais precisaria ser dita. Eles foram para o sofá e lá ela sentou lentamente em seu membro duro e rebolou várias vezes quitando com força.
Gabriel a beijou novamente, dessa vez com uma lentidão torturante, enquanto a conduzia em direção ao quarto, deixando para trás apenas o som da chuva e as roupas que marcavam o caminho da sua entrega.
Na cama, ela ficou de quatro e ele novamente penetrou sua vagina ensopada. Quando ela estava perto de gozar, tirou o pau dele e encaixou no ânus para que ele penetrasse.
As primeiras estocadas foram doloridas mas depois se misturaram com prazer. Ela gritava e gemia alto. Quando gozou estava com os olhos com lágrimas. Ele gozou logo depois. Cada um foi para um banheiro e tomaram banho.
Se reencontraram novamente na cama. Gabriel notou que ela estava de batom. - Por que você colocou batom de novo? Você sabe que eu vou tirar esse batom de novo, não sabe?
Ela deu de ombros e se beijaram demoradamente.
Eles caíram sobre a cama king-size, emaranhados nos lençóis de seda cinza. Gabriel pairava sobre ela, a respiração pesada, os olhos fixos nos de Sofia com aquela intensidade predatória. Ele se inclinou para beijar o pescoço dela novamente, mas, no meio do movimento, seu braço falhou.
Ele franziu a testa, tentando se firmar, mas o cotovelo cedeu. Uma tontura repentina e violenta fez o quarto girar.
— Sofia? — ele murmurou, a voz saindo arrastada, como se sua língua tivesse inchado dentro da boca.
Ele tentou se levantar, mas suas pernas pareciam feitas de chumbo. Com um gemido confuso, Gabriel rolou para o lado, caindo de costas no colchão macio. O teto do quarto parecia distante, oscilando como a superfície de um lago perturbado.
Foi então que o movimento ao seu lado mudou.
Sofia não se aproximou com preocupação. Ela se sentou na cama com uma fluidez calma, quase mecânica. A respiração dela, antes ofegante e descompassada, agora estava perfeitamente controlada. Lenta. Silenciosa.
Ela alisou o vestido de seda, compondo-se, e passou a mão pelos cabelos despenteados.
— O... o que... — Gabriel tentou falar, mas seus lábios mal obedeciam. O pânico começou a subir pela garganta, mas seu corpo se recusava a reagir a ele. O coração batia furiosamente contra as costelas, prisioneiro em uma caixa torácica que começava a paralisar.
— Eu disse que estava tensa por causa da tempestade — disse Sofia. A voz dela era cristalina, desprovida de qualquer calor ou luxúria. Ela se inclinou sobre ele, o rosto pairando onde, segundos antes, ele pensou ver amor. — Mas eu menti, Gabriel. Eu estava tensa porque a dosagem precisa ser exata.
Ela levantou a mão e tocou os lábios dele com o indicador.
— O batom. Uma mistura sintética derivada de baiacu. Tetrodotoxina, mas refinada para ser absorvida pela mucosa. — Ela sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos. Os olhos estavam mortos, frios como o vidro da janela lá fora. — Você tem um gosto meio amargo, sabia?
Gabriel tentou gritar, mas apenas um som gorgolejante escapou. Seus olhos se arregalaram em terror absoluto enquanto ele percebia que não conseguia mover um único dedo. Ele estava preso dentro do próprio corpo.
Sofia se levantou da cama e caminhou até a parede oposta, onde um grande armário espelhado refletia a cena patética: o homem poderoso, agora uma boneca de pano inerte.
— Você sempre disse que queria que esse momento durasse para sempre — continuou ela, abrindo as portas do armário.
Lá dentro, não haviam roupas.
Havia ferramentas. Bisturis cirúrgicos alinhados perfeitamente, frascos de formol brilhando sob a luz indireta e grandes sacos plásticos industriais.
— Eu sou uma artista, Gabriel — disse ela, pegando um bisturi e testando o fio contra a luz de um relâmpago que rasgou o céu naquele momento. — E você tem a estrutura óssea mais perfeita que eu já encontrei. Seria um desperdício deixar você envelhecer.
Ela voltou para a cama, subindo nela e engatinhando sobre o corpo paralisado dele, exatamente como ele imaginara em suas fantasias, mas agora segurando o aço frio na mão direita.
— Não se preocupe — sussurrou ela no ouvido dele, da mesma forma que ele fizera na sala, mas agora o arrepio que ele sentiu foi de um frio mortal. — Você vai estar consciente durante todo o processo.
Lá fora, a chuva abafou o som do trovão, mas nada poderia abafar o grito que ecoou apenas dentro da mente de Gabriel, enquanto a primeira incisão, fria e precisa, tocava sua pele. Ela sabia o que estava fazendo. Primeiro arrancou suas mãos e pés. Depois suturou e o colocou no soro. Deu um jeito de amarra-lo para deixa-lo preso apesar das lesões. No dia seguinte quando o Gabriel começou a acordar, ela não perdeu tempo e arrancou seus testiculos e pênis enquanto ele gritava desesperado. E enquanto se esvaia de sangue, ela pegou um porrete e quebrou sua mandíbula gritando: cala sua maldita boca. Ele quase desmaiou. Quando ele voltou a si, olhando todo aquele sangue, viu que ela saiu do quarto andando lentamente.
Olhou para todos os lados tentando entender toda a situação. Fazia perguntas mentalmente. Por que Sofia, a paixão da vida dele, estava fazendo aquilo?
Ele iria morrer? Como poderia escapar?
Gabriel foi sentindo uma angústia crescente. Nao tinha escapatória.
Sofia e Gabriel se conheceram a 2 meses. Ela é médica cirurgiã.
Gabriel foi entrando em desespero por não conseguir gritar e pedir socorro. Foi quando ela entrou com um galão de gasolina e esvazio sobre a cama e Gabriel. Pegou o esqueiro e iniciou o fogo.
Dez anos antes, uma garota de 19 anos via Gabriel matar seus pais enquanto estava escondida em um cômodo da casa. Quase morreu no incêndio mas escapou em meio a fumaça sem que o Gabriel percebesse.
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